Depois de um dia inteiro de batalha contra os estudantes, você conseguiu. Apesar de ter que sair dentro de uma viatura da Polícia Federal debaixo de uma imensa gritaria dos que ainda resistiam em frente ao Lyceu (e eram muitos!), você teve o que queria.
Saiu daquele prédio com mais quatro anos de mandato à frente da reitoria da Universidade Federal de Pelotas. Apesar de ter que chamar a Tropa de Choque da BM e a Polícia Federal para conseguir entrar no prédio onde a reunião iria se realizar, com mais de 6 horas de atraso no horário por conta daqueles cerca de 300 “inconvenientes” que ainda ousavam em atrapalhar os seus planos. Parabéns, reitor, conseguiu o que queria.
Só tem um pequeno porém: levou algo que não era seu. Você já tinha levado em 1996, quando da sua primeira eleição (ou seria golpe?) no CONSUN. Mas dessa vez não tinha Inguelore. Depois de falar aos quatro cantos que queria eleição na comunidade universitária, você foi lá e fez de novo. Em vez de colocar outra pessoa, resolveu pegar pra si mesmo aquilo que não lhe pertence. Estou falando da democracia. Pra quem acreditava que vossa “magnificência” tinha mudado, que havia aprendido que ouvir a comunidade era importante, está aí a prova de que não adianta, você
não aprende...
Por acaso “magnífico”, parou pra pensar o que aqueles estudantes queriam lá na reunião? Claro que não. Apenas queriam aquilo que você insiste em pegar à força, quando seria apenas necessário pedir: o voto, o direito de decidir. E olha, desperdiçou uma grande chance. Podia ter continuado na reitoria com uma das maiores votações da história desta universidade (apesar dos “700 de César”, entre outros escândalos). Mas optou por ser eleito por trinta e poucos dos seus “chegados”, que te ajudaram a levar a democracia dentro daquele camburão.
Agora, devolve isso pra gente moço. A democracia não lhe pertence. Quem se utiliza dela quando convém, como em 1992 e 2004 - você foi eleito pelo voto da comunidade, lembra? - não a merece nunca. Ela pertence a todos aqueles que estavam do lado de fora das salas recém reformadas do Lyceu, sendo agredidos por quem deveria lhes defender, gritando por aquilo que lhes era negado e que estava escondido atrás dos escudos e sprays de pimenta. Nós apenas queríamos a democracia de volta, o direito de escolher se você merecia ou não ficar por mais quatro anos administrando a
UFPel.
Ela não está conosco mas queremos ela de volta. E enfrentaremos tudo aquilo de novo se necessário, para ter o que você nos tirou na marra.
*Júlio César Neves (Julinho) é Estudante de História da UFPel.
1 Comentário:
Bah julio..
Muitooooo bom o texto..
Um retrato "escrito" do que se passa e ja se passou nesse meio!
Ta na hora de recuperarmos o que o césar tirou da gente.. ja que ele não quer devolver...
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