No último dia 22 de Junho foi noticiado pela imprensa novo escândalo envolvendo a UFPel e sua administração. Segundo notícia do blog Amigos de Pelotas (http://www.amigosdepelotas.com/2010/06/tcu-condena-reitor-cesar-borges-e.html), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Justiça Federal condenam o reitor César Borges e o professor Alípio Coelho por usar espaço público da UFPel com interesses privados. Os dois envolvidos usaram de seus mecanismos (contrato sem licitação) para garantir o funcionamento de uma Clínica de Hemodiálise privada(da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas) no interior do Centro de Pesquisa Dr. Amilcar Gigante, que pertence à universidade.
Passado o fato, ainda que com a expressão de indignação por alguns estudantes, a maior parte da comunidade acadêmica segue anestesiada. Sequer ouvi colegas ou pessoas pelos corredores conversando sobre o assunto. Por causa destes dois fatos da semana (CONDENAÇÃO do reitor e a inércia da comunidade acadêmica) a realidade me obrigou a reavaliar aspectos da universidade e dos atores que nela atuam.
Nos últimos tempos (desde 2008) todas as pautas do movimento estudantil foram em cima de erros grotescos (pra não dizer crimes) da administração. Desde o golpe na eleição pra reitor em 2008 com a tropa de choque, passando pelas demissões em massa e problemas estruturais surgidos pela má adoção do REUNI. Neste ano de 2010 somaram-se à lista a polêmica adoção do novo vestibular e as grandes dificuldades na assistência estudantil. Porém, correndo na direção contrária dos problemas que aumentam, as articulações políticas da comunidade acadêmica parecem sumir.
Não temos sequer notícias dos sindicatos de professores e servidores, aparentando desmobilização total. No que diz respeito ao movimento estudantil, o DCE compactua com algumas políticas da reitoria, e seu movimento, que na época eleitoral tinha uma enorme nominata, hoje não reproduz luta alguma que não seja pelos meandros burocráticos. Contudo a crise de contestação não passa só pelas instâncias de representação. Grande parte dos estudantes não tem sequer acompanhado os fatos, vivendo a graduação apenas para conseguir o “passaporte pro mercado de trabalho”, perdendo toda intencionalidade e papel social da formação.
Penso que um dos fatores da crise do movimento estudantil esteja no modelo burocrático em que ele é fundamentado. Temos que pensar movimento construindo pauta de mobilização conjunta, centrando nos problemas reais e não resumir à “disputa das instituições”. A prática política na nossa universidade precisa ser repensada, agitada, movimentada. Precisamos criar e fomentar os espaços de debate político, de pensar o papel do estudante na construção da universidade que queremos e da sociedade que queremos. E isto não é ser ingênuo, é ser sério.
Julguei isso importante, porque no momento em que outras bombas caírem sobre nossas cabeças, teríamos um mínimo de consenso e coerência pra fazer um movimento estudantil de luta.
Rodrigo Giovanaz - Coord. de Política Estudantil do CAHIS - UFPEL
1 Comentário:
Rodrigo, o DCE não compactua com algumas políticas da Reitoria, a direção do DCE compactua com a política nacional de educação e isso nunca foi escondido,pelo contrario esse era talvez o tema central na ultima disputa da entidade.
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